terça-feira, 25 de outubro de 2011

O que há-de vir


No lento e pachorrento começar da jorna, estremunhados ainda do sono mal terminado, não era a deslumbrante vista com o Douro ao fundo, que os alegrava.
Essa, a do cartaz turístico, para eles estava mais que batida. O que os fazia seguir, era o ganha-pão, os cobres que por ali se podiam conseguir naquela altura do ano e iriam servir para amenizar o inverno.
Bem, no mais imediato, também os fazia andar para a frente, a certeza que pouco depois das nove, haveria o mata-bicho. O cheiro ao bacalhau frito, as rodelas de salpicão, o queijo e a marmelada eram garantidos. Haveria mais adornos com certeza e tudo acompanhado pelo pão centeio do Tua e regado com o tinto da colheita anterior, servindo de mote e premonição ao que por ali se praticava e que teria continuação no lagar, nas cubas, nas pipas e nas garrafas. Algumas, bebidas por ali, outras a decorar montras de lojas por esse mundo fora, levando mais além o nome de uma região, a bandeira de um país que possuía como petróleo, como riqueza primária, um néctar aconchegante do corpo, da alma e até de algumas carteiras e contas bancárias, fosse em Portugal, no reino de sua majestade ou em outra qualquer parte do mundo, pois para as gentes da região, para além do orgulho de terem o melhor vinho do mundo, pouco mais restava. O resto era literalmente paisagem.


P.S. Excerto do que há-de vir!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Castanho expectante

Pinceladas de fim de verão
O tempo evoca outrora
e as lembranças

No rosto estampado o verde errante
Pelo peito reflectido
Um castanho expectante

Nas costas tatuado em letras graves
Suportado por sumptuosas traves
O vil  e generoso
Vermelho verdejante

Mais um passo, uma légua
Uma vida!