quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Eco do Silêncio


Ficam-me os ecos do silêncio
Que sovam num murmúrio de lamento
Por entre os penedos da lembrança
Correndo como cristalinas águas de desejo

Vago era o teor da imensidão
Que enquadrava os momentos de torpor
Rugindo num horizonte opressor
Apesar do deslumbramento fulgurante
Que só a natureza imensa proporciona

Vivi mil vezes o momento
Como só o sonho tal permite
Deixei para trás cumes e serras
Desci ao ventre do paraíso
Ficou-me na turva retina
O dom de um reino
Que só os despojados

Almejam possuir

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sento-me à Primavera


Sento-me à Primavera
repouso à sombra
de um silêncio melancólico
procuro na brisa,
que pungente abana os sentidos,
ecos de um ser que desafia
movimentos que outrora
eram normais

Retorno ao eu
que um dia fui.
Projecto-me na finita razão
dos dias ténues.

Da lembrança emergirá
o que foi bom,
melhorado pela poeira do destino
transformando na razão
de uma vida
as vivas cores de um céu lilás

Da lenta evolução do silêncio,
surgirá o fulgor de um novo Eu.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Metade de mim



Cansa-me o desejo de sentir
vontade de tocar o infinito
cantar versos de sonhos inacabados
mover metade de mim
sentir o mundo
viver os detalhes do momento
como da vida inteira se tratasse
e tudo um piscar de olhos
conquistasse

De pequenos nadas é feito tudo
das pequenas variações
de gestos ténues
de tudo aquilo que
não temos

Mas vã é a angústia
se tudo o que nos resta
é perseverança