quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Um conjunto de Nada


O tecido em que se estampou a artimanha
Tinha por base a honradez
Tecida com fios de bondade
Cosido por laivos de inocência
Bordado em singelas nervuras de encanto
De tímidos recortes debruado
Na singeleza de um sorriso embainhado
Era um todo de ironia almofadado
Engano puro, embuste traiçoeira
Vã rasteira, fútil presunção
Afinal era só pérfida ilusão
Rematada por mesquinha
Rasteira e vil soberba
Era um vazio conjunto de

Nada

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Fraga da Ventosa


Amigos, criei este rótulo para um vinho que produzi este ano.
A vossa opinião era muito bem vinda, quer sobre o texto, imagem e grafismo.
Obrigado.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A curva dos duendes


Na curva de um prenúncio de outono
que as marcas da intempérie anunciam
nas cores de uma manhã de tempestade
aí onde se escondem os encantos
de duendes e artífices benfazejos
ilusionistas de um mundo de encantos
que apenas
existe
no âmago
de um olhar
de nostalgia

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

À noite


À noite, ao som das estrelas que livres vagueiam no seu caminho infinito, corre, debaixo de um manto de encanto, um rio que atravessa o paraíso.
À noite tudo existe, porque a noite é liberdade.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Ao som do vento



Quem me der um dia repousar
Na difusa visão dos dias simples
Inspirar a leveza que só sente
Quem percorreu amplos horizontes
Despojado de preocupações
Liberto da tenaz dos compromissos
Absorto dos males que pejam
O infindável diário dos inconstantes
Voar num assomo de evasão
Descolar rumo ao infinito
Mergulhar num lago de palavras
Que se entranhem em mim
Me revelem novas do entardecer
Voltar liberto dos momentos
Que compunham a lua em quatro quartos
Trazer nas asas da lembrança
Os ritmos de um ocaso
Em tons de laranja colorido
Então, no sussurrar das serranias
Repousaria
Aí, nas encostas da montanha
Montava o esteio da bonança

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ocaso


Lá, onde parte de mim repousa
À espera da outra que vagueia
Que tarde a encontrar-se,
enleia-se,
perde-se no encalço do vazio
Mas, pacientemente espera
Nunca é tarde para nos encontrarmos

Atrás de um monte
Muito para cá do infinito
Aí, onde o sonho habita
De mim mesmo tirarei férias

Todos os momentos serão ocaso

terça-feira, 14 de julho de 2015

Ecos



Busco no sítio onde guardo os sentidos
ecos de um refúgio improvável.

Descubro-os facilmente
perseguem-me
estão no sítio de onde nunca saíram.

E lá, onde os visito
mora o guardião dos sonhos
a chave que desvenda o paraíso.

Lá volto, a eles pertenço.

domingo, 5 de julho de 2015

Retalhos


Somos retalhos
A manta que nos junta,
nos cose, como trapos,
rugosos, gastos, desbotados,
é a vida.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Passos lentos


Mãos que remexem por instinto
Semblantes imutáveis que eram vida
Violentam percorrem o insensível
Torturam num lamento de vontade
Viajam por um limbo expetante
Retiram das entranhas,
Onde se suponha nada mais haver,
Movimentos sufocados
Torpes, desajeitados,
Esmagados contra a violência do imprevisto

Até que de uma ruga se faz alento
De um piscar desajeitado
De um sorriso desgrenhado
Vindo de um rosto tresmalhado
Se acende um fugaz lampejo
Um sopro, uma acendalha
Um novo despertar de esperança


Passos lentos de vontade extrema

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Semblante



O instante é tão só,
o limbo dos sonhos vindouros
um lapso momentâneo de razão.


Sabes, todos sabemos, o maior sorriso
é o que existe no semblante dos justos.
O teu, enche o mundo.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Eco do Silêncio


Ficam-me os ecos do silêncio
Que sovam num murmúrio de lamento
Por entre os penedos da lembrança
Correndo como cristalinas águas de desejo

Vago era o teor da imensidão
Que enquadrava os momentos de torpor
Rugindo num horizonte opressor
Apesar do deslumbramento fulgurante
Que só a natureza imensa proporciona

Vivi mil vezes o momento
Como só o sonho tal permite
Deixei para trás cumes e serras
Desci ao ventre do paraíso
Ficou-me na turva retina
O dom de um reino
Que só os despojados

Almejam possuir

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sento-me à Primavera


Sento-me à Primavera
repouso à sombra
de um silêncio melancólico
procuro na brisa,
que pungente abana os sentidos,
ecos de um ser que desafia
movimentos que outrora
eram normais

Retorno ao eu
que um dia fui.
Projecto-me na finita razão
dos dias ténues.

Da lembrança emergirá
o que foi bom,
melhorado pela poeira do destino
transformando na razão
de uma vida
as vivas cores de um céu lilás

Da lenta evolução do silêncio,
surgirá o fulgor de um novo Eu.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Metade de mim



Cansa-me o desejo de sentir
vontade de tocar o infinito
cantar versos de sonhos inacabados
mover metade de mim
sentir o mundo
viver os detalhes do momento
como da vida inteira se tratasse
e tudo um piscar de olhos
conquistasse

De pequenos nadas é feito tudo
das pequenas variações
de gestos ténues
de tudo aquilo que
não temos

Mas vã é a angústia
se tudo o que nos resta
é perseverança

sábado, 21 de março de 2015

V


Os anos são apenas um pormenor incontrolável do tempo que torna a vida um labirinto de sensações únicas.

Na magia dessa falta de controlo, está a essência da liberdade, pois eterno é apenas o efeito de um sorriso.
Viva-se um dia como se a isso se resumisse a felicidade.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Eco



O cetim em que envolves as palavras
Ecoando na bruma de um sussurro
Brilha mais que o encanto da magia
Dos dias em que envolto em lava
Te busco nos cantos do destino

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Raízes



Sou...

Sou ramos de árvore
secos pela inclemência de dias tristes
nus pela ação do desencanto

Fui folhas
que a voraz vontade destruidora
dos dias que vendiam ilusões
deixaram colados na ilusão
de um rosto ausente

Deixei de ser
já não sou
o tronco que sonhava
o céu suster,
vencia com vigor
a nostalgia

Mas um dia não integra
os momentos
Nem sol nem vento nem desdém

Nada vence o ardil
de um sonho eterno
Nada abate a raiz
de um sentimento