terça-feira, 22 de abril de 2014

Vaga


vago o olhar nas vagas
que trazem sons de um local
que já foi meu

leal em espera absoluta
absorto com o mesmo objetivo
sentindo o vazio do sentido
e o vagar do espaço que foi teu
a meu lado,
um fiel amigo resistente

não me espanto com o silêncio
não quero saber do que já sei
deixarei em vão bater as vagas
assim estático, imóvel, permanecerei

sentindo o suave do sentir
bebendo a beleza deste quadro
este mundo etéreo que me é dado
sem pressa nem vontade de voltar
aqui, ternamente, hei de ficar

terça-feira, 15 de abril de 2014

A Ponte


De um lado
o sol que me invade os sentidos
Nas costas
uma sombra que me tolhe a destreza

Num misto de desejo bipolar
De saltar rumo à liberdade
Ou ficar no meu desassossego

Fugir sem rumo nem destino
Ou recostar-me no sedentário conforto
da apatia

Às malvas atirar o desatino
Da calma recolher o agasalho
Despir-me da capa de aconchego
Ou rumar à eterna fantasia

No meio de pontos extremados
Divididos pelo caudal da sensatez
Corre lento o rio do viver

A uni-los, uma ponte de evasão

terça-feira, 8 de abril de 2014

Um Rio



Se fosse o leito de um rio
sereno correndo para o fim
o início de um sonho relembrado
por um vento que sopra o teu aroma
Seria eu próprio a lembrança
dos dias que navegámos sentimentos

Nas margens desse sonho me retinhas
essas águas tomavas em teu regaço
e no ardil desse leito me possuías

Porque um rio
só é livre num sentido,
já que único é o seu destino
domado é todo o seu movimento
e sempre se entrega num espasmo
a um mar que o toma sem ressalvas
Num só se fundem
como se nada mais existisse
apenas duas partes moldadas
num jogo sem regras nem deveres!