No lento remanso
da chuva miudinha
Embalado no calor
do recolhimento
Ao som do crepitar
da lenha seca
Cuja chama alimenta o divagar
Sinto o suave torpor
das horas vagas
Bebo a letargia do
momento
Absorvo, vago e
sonolento
A eternidade
dormente
De nada fazer e
tão-somente
Sentir-me nos
píncaros da preguiça
Despir-me da
opressão das horas cheias
Viver esta efémera
panaceia
Conceber nem que
apenas num momento
Que do cinza
húmido de um dia triste
Se colhe o paraíso
que existe
Haverá um dia
assim?