segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Bocejo
Paro num assomo de deslumbre
Pausando a jornada fatigante
Desligo-me do óbvio serpentear
Da urgência de o nada acabar
E continuar na inócua tarefa
De dar corda a um relógio
Com ponteiros mas sem marcas
Imerjo num abstrato sentimento
Absorvo as notas soltas do momento
Tento captar os aromas
De um dia de outono extenuante
Não sei se esta música era para mim
Se o desempenho é apropriado
Ou um misto de desdém desafinado
Mas, que importa a dúvida momentânea
Dada a alegria do momento
Utopia, talvez, mas num instante
Tomei o mundo num bocejo
Libertei-me das garras do real
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Reflexão de um ser ausente
Na complexa teia onde me sento
Divagam tons de luz sem piedade
Progridem por entre os nós
de um rendilhado
Penetram em todos nós
Que absortos nos mantinha-mos
Eu que só queria contemplar o invisível
chapinhar das sereias da represa
Deixar que fosse o nada e ele apenas
a levar-me por entre a plenitude
do vazio
Virar as costas ao real
Estender as pernas, divagar
Subir ao mais alto cume,
em pensamento
Divisar a plenitude do momento
Sem do meu descanso abdicar
Ausente, apenas um instante
Ou toda a vida
que num momento coubesse
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Tocas-me
Tocas-me
com mãos que conhecem os meus acordes
dedilhas as notas todas que há em mim
Das cordas
que revelam as minhas histórias
extrais sons evocando o por do sol
num ritmo em que tenso me possuis
e
Ressoando no interior de mim
prolonga-se o eco do desejo
uníssono, possuído pelo momento
Colas-me ao teu ventre em harmonia
libertas-me num momento de magia
num alinhamento temperado
que só o som da cumplicidade proporciona
Vibras-me a alma
Nasço da ponta dos teus dedos
Sou música!
sábado, 6 de setembro de 2014
Feito
O brilho de uma luz apenas imaginada
Que o esforço tornou no sonho vislumbrado
O suor de dias frios e horas de trabalho alimentavam
Invade-nos então deslumbrante
e estridente como um sopro
Penetra no ar recetivo de uma vida
O supremo saber do que é uma certeza
Não foi em vão o desafio
Num querer que
embora ameaçado
nunca vacilou
Nem sempre borboletas coloridas
Povoam verdes e luxuriantes paraísos
Valeu a pena, vale sempre,
manter a janela aberta para a Esperança
Feito
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Salpicos
Salpicos de
sombras insidiosas
Em solo que
um dia a dor lavrou
Invocam sois
de agosto inclementes
Penetrando na
aridez de um lamento
Não sei se
um dia tem lembrança
Se fica para
sempre a imensidão
De momentos
que eram sempre infinitos
ou
Será apenas
a visão de um anseio
e da bruma
emergem letras
com que se
escreve Sentimento?quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Simples
Corre fresca uma brisa ao fim da tarde
Num tempo de estio adiado
Embora de alegria polvilhado
De um vento onde está escrito o teu sorriso
Vindo de onde foi anunciado
Tal e qual como o programado
Se torna real a emoção
Em paz se converteu o emaranhado
Conforto da vista prometida
No timbre melodioso das palavras
Simples, como são as coisas boas!
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Pausa
Mergulho no descanso dos sentidos
Abrigado à sombra de um vento brando
Enfrentando as vagas do sufoco refrescante
De dias em que a pressão é o lazer
Faço uma pausa, assim espero.
Boas férias
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Sempre
Não se abate
com um dedo decisor
O sabor de
saber que ainda existem
As cores de
um olhar de alegria
Por entre um
esgar serpenteando
No canto dos
lábios rematando
Um momento
emoldurado no infinito
Não foi sol
que as flores desabrochou
Ou humidade
que o verde explodiu
Foi um dom
que criou esse esplendor
A verdade refletida
num momento
O sonho
traduzido em alento
Um reino
onde tudo é possível
domingo, 22 de junho de 2014
torrente
Mais um que corre
por entre a multidão de apressados
Mergulhando num dia que conheces
Enfrentas as horas do dever
Deixas-te levar nessa corrente
Do ter que ser, do que é urgente
Das partes que somadas nunca dão
o todo que sempre foi inatingível
mas de tanto ser citado se tornou
miragem, utopia, desatino
Esqueceste porém que nessas horas
Se havia algo que merecesse
o cuidado, a eterna proteção
mais que tudo, a tua atenção
não era o tão adorado sustento
eras tu, em todo e qualquer momento
Amanhã há outro dia
Sem ti, nada existe!domingo, 8 de junho de 2014
eternidade
Entre as
sombras
Que cobrem o
sentir do fim da tarde
Navego pela
réstia do momento
Sinto o que
ficou de dias quentes
Na brisa do
sussurro que era ardente
Vindo de um
lugar que eras tu
Soprado por
um sonho inacabado
Fugaz é o
tempo infinito
Comparado ao instante
desejado
De um momento
apenas
A eternidade
Dos segundos
contados pelos dedos
Mas, plenos
de viver
Sentir
Ser
Entre o sol
Que me
convida a voltar
A um mundo
onde já vivemos
terça-feira, 27 de maio de 2014
Difusa
No que se torna a ténue réstia de histeria
Que os longos dias de maio alimentaram
Fizeram criar no teu encanto
A liberdade de um sonho adormecido
Difusa se tornou a lembrança
do calor que emana da tua voz
do som vibrante do teu olhar
percorrendo o universo que há em mim
Suave é a ternura do encanto
Como leve o ondular de um desejo
O voltar da cabeça, um lampejo
A serenidade recortada
na curva de uns lábios
onde mergulhoquinta-feira, 15 de maio de 2014
Tangível
Consulto o calendário intemporal
Das horas que vivemos sem saber
Do tempo que infinito imaginava
Embora contado em minutos
De um todo que era apenas
Uma ínfima parte do prazer
Consumimos os segundos dos momentos
Que a areia branca acolhia
E em palavras entrecortadas
O vento contrafeito sussurrava
Perdia-me num refúgio imaginário
Convertido no único sentido possível
Que os dias podiam almejar
Seria assim tangível o irreal
Ou a vontade de o infinito alcançar?quarta-feira, 7 de maio de 2014
Caminho
Na complexa e tortuosa demanda
do fio dos dias conquistar
as marcas das pegadas apagar
almejando um descanso imaginado
Abriguei-me numa chuva de delírios
expus-me à sombra
de uma aragem persistente
na esperança de assim, seduzido
poder num fim de tarde descansar
Mas sendo certo e fatal
integrando o manual da alquimia e
colorindo os compêndios da memória
nem todas os dias são tardes de domingo
nem todo o vento é pronúncio de encanto
Afinal emparedado entre dois lóbulos
desfocado pela ausência e o descrer
era só mais uma etapa ultrapassada
dos caminhos que assaltam a lembrança
sexta-feira, 2 de maio de 2014
À mãe
Graça
entrou com um saco na mão, pousando-o ao lado do pai, abraçou-o longamente
depositando-lhe um beijo na face.
Sem
palavras, porque são estas que tantas vezes, estorvando, nos tolhem o
exteriorizar de sentimentos, dirigiu-se à ainda estática Augusta.
Sentou-se
no seu colo, verteu a saudade em suspiros, deixou-se trespassar pela emoção e
rodeando-lhe o pescoço com os braços, exclamou:
- Mãe,
como tive saudades tuas!
terça-feira, 22 de abril de 2014
Vaga
vago o olhar nas vagas
que trazem sons de um local
que já foi meu
leal em espera absoluta
absorto com o mesmo objetivo
sentindo o vazio do sentido
e o vagar do espaço que foi teu
a meu lado,
um fiel amigo resistente
não me espanto com o silêncio
não quero saber do que já sei
deixarei em vão bater as vagas
assim estático, imóvel, permanecerei
sentindo o suave do sentir
bebendo a beleza deste quadro
este mundo etéreo que me é dado
sem pressa nem vontade de voltar
aqui, ternamente, hei de ficarterça-feira, 15 de abril de 2014
A Ponte
De um lado
o sol que me invade os sentidos
Nas costas
uma sombra que me tolhe a destreza
Num misto de desejo bipolar
De saltar rumo à liberdade
Ou ficar no meu desassossego
Fugir sem rumo nem destino
Ou recostar-me no sedentário conforto
da apatia
Às malvas atirar o desatino
Da calma recolher o agasalho
Despir-me da capa de aconchego
Ou rumar à eterna fantasia
No meio de pontos extremados
Divididos pelo caudal da sensatez
Corre lento o rio do viver
A uni-los, uma ponte de evasão
terça-feira, 8 de abril de 2014
Um Rio
Se
fosse o leito de um rio
sereno
correndo para o fim
o
início de um sonho relembrado
por
um vento que sopra o teu aroma
Seria
eu próprio a lembrança
dos
dias que navegámos sentimentos
Nas
margens desse sonho me retinhas
essas
águas tomavas em teu regaço
e
no ardil desse leito me possuías
Porque
um rio
só
é livre num sentido,
já
que único é o seu destino
domado
é todo o seu movimento
e
sempre se entrega num espasmo
a
um mar que o toma sem ressalvas
Num
só se fundem
como
se nada mais existisse
apenas
duas partes moldadas
num
jogo sem regras nem deveres!
segunda-feira, 31 de março de 2014
Encruzilhada
Os dias, apesar de sempre iguais, passados na rotina
exasperante a que se tinham habituado, escorriam por entre os dedos com a mesma
rapidez que passavam àqueles que se encontravam no mais paradisíaco dos
destinos turísticos.
Tem destas ironias a vida, democraticamente impõe os
seus desígnios. Não prolonga a duração dos momentos de sofrimento, mas também
não alarga os momentos de prazer. Uma hora tem sempre sessenta minutos, a
intensidade com que se vivem é que varia, o resto é apenas metafísica.
segunda-feira, 24 de março de 2014
Um ponto
Um ponto
Um barco
na linha do horizonte
O sol que se esconde intrigado
A mensagem
do que foi um
sobressalto
Algures
no recanto do momento
Assinalado
pelo farol da
sintonia
Envolto
nas ondas do querer
Sopro
de um vento que fugaz
te faz navegar
para um porto de acalmia
Simples, efémero
Intenso, murmurante
um momento
Ou apenas uma vida
terça-feira, 18 de março de 2014
Um dia
Não preciso o mundo possuir
Ter dos arsenais o controlo total
Nas mãos abarcar o por do sol
Ser dono do casino que é a vida
Gestor de um bordel transfronteiriço
onde se aliviam mágoas
e se atiçam fráguas
Não quero dominar a primavera
Da lua retirar o brilho
Nem o sol suster no horizonte
Para quê o Mundo possuir
Se um sorriso na tua cara
vale o mundo?
terça-feira, 11 de março de 2014
Repousar
Quero descansar num leito brando
Rodear-me do aconchego da ternura
Embebido pelas cores de um sonho vago
Pintado em aguarela de tons quentes
Não vou remar
contra o desígnio do descanso
Enfrentar o ócio que me vence
Tecer desafios contra o nunca
Cavalgar nas ondas da refrega
Ensaiar uma tática ofensiva
ou esgrimir argumentos de defesa
a um apetecível desejo de serenar
a vontade de ser aprisionado
pelos braços esperados do desejo
Basta o suave enleio de uns braços
O infinito condensado nesta tela
Aqui, vou apenas repousar
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
O sonho de Orfeu
Sublime é o saber
desse sentir
Na curva que
envolve o teu sorriso
O dom que só possui
o sentimento
O sabor de beber o
teu olhar
Que vaga nas ondas
do desejo
Soprado pela brisa
da saudade
Conseguir na retina
o teu suspiro fixar
No instante que
possui um por do sol
Completa a certeza
do encanto
Do mundo condensado
num momento
Se vida existe no
sonhar
Onde irrompes
subtil sem o pedir
E marcas indelével
o porvir
Vivê-la é um
destino fatal
domingo, 16 de fevereiro de 2014
No cinzento
Quem
me dera ser fim de inverno
Às
malvas mandar os dias tristes
Esquecer
que fui vento, frio, chuva
Que
despido enfrentei o gelo atroz
Perdido
em cinzento nevoeiro
Sem
luz, farol ou lua cheia
Quem
me dera vestir a cor e a luz
Em
dias que se eternizam
Sem
temor de pela noite entrar
Ser
cheiro a feno, papoilas e flor de giesta
Abraçar
o sol por quem tanto esperei
E dormir
sob uma cheia lua de utopias
Num
sonho onde domina a esperança
Quem
me dera o poder ter
De
todos os invernos terminar
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Dias Não
Sou parte de um todo imaginário
Elo da corrente que cedeu
Acento de palavra apagada
Ponto final de frase reprimida
Desço ao baú do esquecimento
Revolvo a poeira do mistério
Ergo-me num gesto banal
Procuro repor o semblante
Livrar-me dessa mão que me aprisiona
Essa tenaz que me sufoca
No meio do tremor de um naufrágio
Entre suores de frio e rude arfar
De nome Influenza, gripe ou malvadez
Serão apenas cinco dias de penar
Ou espaço para arrumar a lucidez
domingo, 26 de janeiro de 2014
Haverá um dia assim?
No lento remanso
da chuva miudinha
Embalado no calor
do recolhimento
Ao som do crepitar
da lenha seca
Cuja chama alimenta o divagar
Sinto o suave torpor
das horas vagas
Bebo a letargia do
momento
Absorvo, vago e
sonolento
A eternidade
dormente
De nada fazer e
tão-somente
Sentir-me nos
píncaros da preguiça
Despir-me da
opressão das horas cheias
Viver esta efémera
panaceia
Conceber nem que
apenas num momento
Que do cinza
húmido de um dia triste
Se colhe o paraíso
que existe
Haverá um dia
assim?
sábado, 18 de janeiro de 2014
Ao som de um dia assim
Sigo ao som do vento a vontade
Desço ao murmúrio do lamento
Oculto-me no opaco das palavras
Na sombra de um sentir entorpecido
Procuro mais além onde era ardor
Do ventre do desejo tiro o alento
Do refúgio surge nova vaga
Algo de um tempo esquecido
Trás na crista a mensagem esperada
Devolve à lembrança a eternidade
Um dia haverá um dia triste
Não hoje que a beleza o não permite
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Dias claros
Gosto do suave sentir dos dias claros
Da sombra que sem sol não existia
Do calor que sem luz era ilusão
Do sentir que irrompe da leveza
que a cinza abandonou
o verde floresceu
e o azul acompanhou
Assim divagando em mar calmo
Onde tudo encaixa em harmonia
No sopro do encanto, da certeza
que a vida tem mais do que um só dia
e não se esgota no efémero do momento
é cor, prazer e terno alento
O suave sentir dos dias claros
A doce tentação da alegria
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