segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Madrugada




Não me espanta o vento
Só lhe conheço o ímpeto

Nem o nevoeiro
Que intenso te esconde de mim

A geada branca e fria que te toma
O degelo que foi verão de nostalgia
Nem sequer a brisa ténue que refresca
De sóis intensos que um dia conheceste

No deserto que era leve e insensato
Um oásis ao longe em verde esperança
Era miragem que a sede de ti me provocava

Mas no suave ressuscitar da madrugada
Que trombetas um dia anunciaram
Nesse tempo em que tudo era um sonho
Que a vida se servia por um cálice
Sonhar era exercício inútil

O real era tomado como bênção
Como orgia divinal da criação
Que transforma todo esse esforço em vão,
Acordar para a cruel realidade
De um sonho em que tudo era real

Antologia – A Vida num Sonho

9 comentários:

Lídia Borges disse...

Sonho/Realidade um binómio e tanto!
O sonho é quase sempre uma forma de compensar o pouco que a vida nos dá.

Lindo, este sonhar realidade!

Um beijo

trepadeira disse...

São assim as madrugadas.
Sonho desfeito,outras vezes realizado.

Abraço,
mário

Anónimo disse...

Belo e real poema.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo

Um poema maravilhoso como sempre...por vezes quando acordamos para a realidade só resta o sonho.

Um beijinho com carinho
Sonhadora

manuela barroso disse...

...Natureza que tanto interfere os nossos sentires e humores... Mas venha vento, nevoeiro ou gelo, o que é isso se existe um bom sonho que pode ser real?
Real ou não real,eis a questão.
Que voltem as madrugadas suaves!
Beijinho, Armando

Daniel C.da Silva disse...

Temos essa capacidade de materializar os impossíveis em sonhos e também ilusões, sendo a fronteira ténue para um acprdar mais difícil... ou mais real...

um abraço

BL disse...

Um poema muito bem conseguido,
em que o tema é desenvolvido
de forma exímia. Parabéns.

Bom fim de semana :)

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Belissimos seus versos,
ja seguindo
bjins
Catiaho Reflexo d'Alma

Anónimo disse...

Olá, Armando!

Adorei a imagem. faz-me lembrar o deserto, o Alentejo, também, e aquelas pegadas, o caminhar para...

Então como decorreu o evento?
Muitos sonhos e também muitas realidades. QUE SE CUMPRAM!

Apetecia-me um oásis, como aquele do seu poema (eu sei que não gosta de poesia, eu sei), para beber as cores do amor.

Resto de dia feliz.
Beijo da Luz.