domingo, 29 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Horas
Falam-me de um sol a ocidente
Trazendo prenúncios de ocaso
Encerrando mais um eterno capítulo
levando consigo o cansaço
as agruras de um dia infinito
e desaguando numa linha de horizonte
onde toda a lembrança é enterrada
Recordo um sol a oriente
Onde todo o anseio era esperança
Presságio contagiante de alegria
Vontade de viver toda uma vida
Num dia,
nas horas que preenchem a eternidade
Entre um e outro um interregno
o luar prateado da vontade
ou a penumbra face da saudade
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
A varinha de condão
Se um dia
possuísse o condão
Dos
momentos o sumo abarcar
Do tempo
eliminar a opressão
Deste encarceramento
rotineiro
As amarras libertar
Levantar a carga
que comprime
E toda a
angústia aliviar
Seria a leveza da
vida
O sentimento
O momento que
procuras
O alento
De que sempre um
por do sol
Ou um céu
cinzento
São prenúncio de
alegria divinal
Afinal sendo tudo tão efémero
Resumindo-se à razão, à harmonia:
Haja calma para
esperar um bom final!
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Demanda
Um
palmo nos separa da euforia
A
um dedo de distância a ilusão
Perdidos
no labirinto da inconstância
Errando
na perfídia cintilante
De
um dia ser pedaço do almejado
Peça
de um conjunto sonhado
Atalho
para a liberdade eterna
Aguarela
de um quadro imaginado
Motivo
da foto perseguida
Cena
da peça agendada
Meta
da corrida inacabada
Sobremesa
do banquete iniciado
Valerá
por certo a vontade
Pois
incerta é a própria vida
E eterna será sempre a procura
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Folha
Sou folha de árvore
sentimento
Em verde, primavera
de esperança
Madura venço o
fulgor do verão
Refresco a vontade
mais afoita
Escondo o rubor da
ousadia
Mesmo a tender para
o outono
Estimulo o
sentimento, a Poesia
Desperto em tons
acastanhados
As cores mistificadas
do encanto
Mas, mirro, seco e
um dia
À mercê da
intempérie perco o pé
Envolta numa dança
chego ao fim
Descendo para o meu
leito final
Encerro a minha
história sazonal
Valeu a pena ser
sonho e vida breve
Cumprindo o meu desígnio
natural
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Espelho
Não há espelho que reflita a sensatez
A dúvida ou a vontade do saber
O crer, a dor ou a saudade
A luz que em ti nasce ao entardecer
De dentro da vontade nascem rios
Levam em suas águas a lembrança
Daquilo que nasceu por necessário
E mirrou o chão que percorreu
Desaguando
sem passar por nenhum leito
Mas árido era o campo onde corria
Secava todo o sonho que teimava
Ser fonte de um qualquer
sopro de vontade
Se há um espelho que não minta
O mundo refletido nos teus olhosquarta-feira, 23 de outubro de 2013
Um Traço
Um traço
Uma linha de tempo
Uma silhueta reflexo do sonho
O sopro de um sentimento retraído
O fôlego
Os pingos de chuva
Silvos do vento nos pinheiros
Sinfonia de acordes que perduram
Ao ritmo da vontade incontrolável
O tudo
O tempo
O nada mais interessa
E tudo condensado num sorriso
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Pausa
Tivesse eu o poder naquele momento
de privar da terra o movimento
guardar só para mim eternamente
o efémero momento de magia
Transformá-lo em doce alegoria
de posse de um bem que é intangível
Gravar essa imagem recortada
de tuas finas curvas sensuais
das mil e uma cores que só tu tens
que para lá dos montes são banais
e deste lado moldam ideais
Elas, a origem da saudade
Pudesse eu parar este momento
Tirar daqui todo o alento
E mergulhar no ventre da vontade
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Infinito
Coubesse todo o mundo
nos teus olhos
Esses, onde vive
algum do meu
Donde parte a nobreza
e a candura
A alegria e a sincera
honestidade
A beleza que não cabe
nas palavras
O sentir que sempre
foi algo teu
Que primeiro está
alguém porque merece
E nem tudo é
premente, porque é
Antes, estará a
harmonia,
tudo tem um porquê de
racional!
Afinal sempre haverá prioridades
A primeira será a
alegria
As outras, por
impérios de magia
A seu tempo, terão
oportunidade
Seria assim tudo
sempre simples
Coubesse todo o mundo
nos teus olhos.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Simetrias
Sentei-me à janela do tempo
Não me lembro de quando me encontrei
Se no limite do ocaso
Num silvo do medo
Num pingo de chuva fora de tempo
Na fresca gota de orvalho
Ou apenas pela rua divagando
Abrigado pela sombra de um vento
desmedido
Entre os secos ramos da solidão
perdido
Envolto na penumbra de um destino
inacabado
Fechei de novo a portada
Regressei a um tempo que controlo
Na folha despejei mais uns suspiros
Do copo sorvi um novo fôlego
E do calor do fogo um novo alento
Lá fora cai a chuva de outono
Batida pelo vento que alimenta
cá dentro o fogo do encanto
cá dentro o fogo do encanto
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Sorriso
Não me desvendes o sentir
Sou sopro de um vento que sonhaste
Liberto corri por entre os lábios
Numa noite em que o sonho transbordou
E o reflexo incontrolável da alma
se espelhou
Não busques a chave
que decifra o enigma
Desígnio de um sonho infundado
Pretenso desejo exagerado
remédio da ventura
ou sentimento imaculado
Não busques, para quê?
Tudo isso é ofuscado pelo traço
Subtil, matreiro, maroto, sensual
O único sentido do sentir
Um Sorriso nos lábios espelhado
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
...um dia
um dia sem querer hei de escrever
as páginas soltas de uma vida
das minhas letras sairá a viva alma
o teu rosto em forma de um verso
um sorriso será a pontuação
das palavras que juntas o compõem
o teu jeito terá esse condão,
libertar a forma e o sentido
um dia terei essa ousadia
de pegar numa folha vazia
e enchê-la de todo o sentimento
não sei se o feito é de relevo
se não foi já mil vezes repetido
ou se daí virá algum remédio
Mas,
um dia sem querer hei de escrever
tudo aquilo que sempre um dia quis
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Dúvida
Sou restolho que o sol mirrou
Poeira
que o vento endoideceu
Horas
que um dia concedeu
Tempo
que a luz alimentou
E
o desejo apenas permitiu
Sou
conclusões de fim de verão
Ânsia
da frescura prometida
Colheita
há muito esperada
Fim
do estio programado
Promessa
de um novo ciclo desejado
Será
que serei o que seria
Se
a vida só tivesse por um dia
E
tudo não seguisse o mesmo mote?
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Toque
Não busco na sombra
do destino
O rasto de um sopro
que eras tu
O aroma do teu
corpo deslizante
O sabor de um
momento que foi nosso
Um ventre onde
ancorava a minha barca
O aconchego da
memória inoportuna
Dos lábios onde
cabia o desejo
O som de cítaras
vibrando
Num melódico trecho
musical
Interpretado por
solista virtuoso
Que mesmo num desempenho divinal
Sucumbia ao prazer
de imaginar
O solo mais
pungente conhecido
O murmurado som da tua voz
Busco num cenário
conhecido
Que me leva a um
estado divinal
E tudo que se diga é
desigual
Ao toque das tuas mãos nas minhas
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Miragem
À luz da lua que
brilhou no teu deserto
Que iluminava um
oásis que era meu
E verde como a
esperança alimentava
Um desejo que
vendia esperança
Dispo-me de toda a amargura
Da seara que
cresceu em peito aberto
Do centeio que a
ceifa prometeu
E de tudo o que um dia era meu
Mas as cores também
vacilam
A luz, mesmo a mais
forte desvanece
Difusa torna-te distante
E o oásis que era o
fim do teu caminho
Funde-se na ilusão
de um destino
Pura miragem,
desatino
E aí te mantém,
perdido, errante
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Sinais dos tempos
Sempre sabe a pouco a virtude
Opulenta que pareça e desabrida
Mesmo que em bandeja oferecida
Mansa dádiva em mão estendida
Sempre será mais vistosa e pretendida
A lábia e trôpega falácia
A que floresce em meninos de carreira
Exorta sempre a verborreia
Resulta como nada em estrumeira
E descamba no final em implosão
Nada a poderia sustentar
Oca, vaga, de lascar
Alimenta simplesmente a ilusão
Do ciclo da burrice propagar
Mas quando de madura cai
É sempre em vão
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Ocaso
Em busca do efémero fim de tarde, corro
Para trás o dia inteiro, deixo
O alento da luz que se acaba, busco
A chama do desejo em ti, persigo
No aconchego da noite me oculto
No eterno da madrugada mergulho
No despontar da aurora desaguo
De um limbo eterno desponto
De volta a um ser desconhecido
Emanado da razão
Liberto do espírito sonhador
Subjugado ao prazer do real
No jazigo temporário permaneço
Até ao ocaso de um sol que há-de ser meu
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Domínio da Paciência
Não sei se um dia fui lembrança
Do tempo um rasto de vivência
Se da Lua roubei a eloquência
A emprestei a algo que esqueci
Dos dias retirei as horas mortas
Pendurei-as no pedestal da paciência
E à noite não consegui ressuscitá-las
Colecionei então apenas horas vivas
Longas, iníquas, infindáveis
Acordei
Não se dorme à eterna luz do dia
Era mais que tempo do resgate
Da lembrança retirei a escada
Perdi o respeito à paciência
Subi os degraus do seu altar
E repus a ordem do destino
É agora tempo de repousar.
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