domingo, 11 de março de 2012

O Cozinhado




Excerto

"...meditava nisto Tiago, no fim de uma manhã inteira à volta dos tachos.
Sem ter chegado a qualquer conclusão, que o tema não é dado a essas coisas, Tiago sentava-se agora com o grupo de amigos dos petiscos, à mesa.
Tiago sempre foi um amante da comida e da boa cozinha. Costumava dizer que quem melhor aprecia a comida, é quem sabe como é feita. Da arte dos temperos, da magia da mistura dos ingredientes, surge o requinte, os sabores de eleição. Tiago não gostava da cozinha propiamente dita, gostava de cozinhar. Era desarrumado por natureza, ao fim do almoço preparado, a cozinha teria a aparência de um teatro de guerra, com granadas e explosões várias à mistura, mas isso seriam os próximos capítulos. Primeiro o gosto, depois os desgostos.
No centro da mesa, num enorme tacho de barro, após quatro horas a ferver dentro de uma panela de ferro fundido, submersa por um molho espesso que ninguém tinha coragem de perguntar de que era feito, repousava em grandes pedaços, o que já tinha sido uma lebre de quatro quilos.
A época da caça tinha começado, a lebre tinha sido oferta de um cliente.

- Você vende-me as coelhas, eu dou-lhe uma lebre, tinham sido as palavras do Joaquim de Cête, proeminente barrigudo, amante de amantes, da bebida e de noitadas."

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